Para as famílias que acompanharam o desenvolvimento de seus filhos autistas, a transição para a vida adulta pode parecer intimidante, principalmente por conta do preconceito da sociedade, julgamentos e despreparo. Contudo, com o conhecimento adequado e o apoio necessário para as pessoas com autismo e suas famílias, é possível que elas consigam crescer e viver a vida adulta das mais variadas formas, alcançando vidas autônomas e dignas de respeito.
O autismo é uma condição vitalícia, e compreender sua dinâmica em diferentes estágios da vida é crucial para a construção de inclusão e qualidade de vida para todas as pessoas. No contexto do autismo na vida adulta, principalmente tratando-se de níveis menores de suporte, o diagnóstico tardio é um desafio significativo, muitas vezes obscurecido pela falta de conscientização e compreensão da sociedade. Este diagnóstico é um processo complexo, muitas vezes dificultado por estigmas e falta de preparo dos profissionais de saúde e da comunidade como um todo. Adultos diagnosticados tardiamente frequentemente manifestam sintomas menos visíveis, como dificuldades sociais, que são erroneamente atribuídas à timidez ou características pessoais, atrasando a busca por ajuda.
Além disso, questões de raça e classe social também podem influenciar o acesso ao diagnóstico. O diagnóstico tardio pode estar relacionado à capacidade dos adultos autistas em mascarar seus sintomas, especialmente aqueles relacionados à sociabilidade, levando a uma subestimação de suas necessidades e desafios. Essa capacidade de “disfarce” pode ser desenvolvida ao longo dos anos pelas pessoas autistas, para que elas se adaptem ao que o ambiente social cobra delas.
Uma vez diagnosticado, o caminho para o autoconhecimento e independência inclui terapia e apoio interdisciplinar. Embora não haja cura para o autismo, intervenções terapêuticas visam ajudar os adultos autistas a compreender suas próprias necessidades e a desenvolver estratégias para lidar com os desafios do dia a dia. A conscientização sobre o autismo na vida adulta é essencial para garantir que essas pessoas tenham acesso ao suporte necessário para viver de forma respeitosa e construir trocas significativas com a sociedade.
A revelação do diagnóstico de autismo em adultos muitas vezes ocorre de maneira indireta, muitas vezes durante a busca de assistência para crianças com suspeita de autismo. Durante qualquer avaliação dessas crianças, os especialistas consideram o histórico familiar e observam os sinais manifestados tanto pelas crianças quanto pelos adultos, abrindo a possibilidade de identificar o autismo de níveis de suporte mais baixos em familiares de crianças autistas. O autismo em adultos pode ser considerado também por meio de certos comportamentos característicos, como dificuldade em entender nuances da comunicação, expressões faciais e contextos emocionais. Além disso, padrões de comportamento repetitivos e uma afinidade excessiva por determinados interesses também podem ser indicativos. Muitas vezes, esses sinais são ignorados ou considerados idiossincráticos, dificultando o reconhecimento do autismo em pessoas com menores graus de suporte.
Na vida adulta, os indivíduos autistas de variados níveis de suporte podem enfrentar uma série de desafios únicos. Estes podem incluir dificuldades na comunicação e interação social, bem como na execução de tarefas do dia a dia, na construção de vínculos de amizades e amorosos e na obtenção de empregos. Além disso, questões relacionadas à saúde mental, como ansiedade e depressão, também podem ser mais prevalentes em adultos no espectro do autismo. É crucial que as famílias e redes de apoio estejam cientes desses desafios e estejam preparadas para oferecer apoio contínuo a seus filhos.
O apoio contínuo da família pode desempenhar um papel fundamental no bem-estar dos adultos com autismo. As famílias podem ajudar seus filhos a desenvolver habilidades sociais e de vida independentes, proporcionando orientação e incentivo, através de grupos terapêuticos e comunidades militantes pela causa. Além disso, é essencial buscar recursos externos, como terapeutas, grupos de apoio amplos e serviços comunitários, que possam oferecer suporte adicional e oportunidades de socialização.
É importante lembrar que os adultos no espectro do autismo têm uma variedade de habilidades e interesses únicos. Em vez de focar somente nas dificuldades, é fundamental valorizar e incentivar os pontos fortes e interesses de cada indivíduo. Ao promover a autoconfiança e a autodeterminação, as redes de apoio podem ajudar as pessoas com autismo a alcançarem seus objetivos de vida, sejam eles relacionais, direcionados a hobbies, autonomia ou trabalho.
O acesso à informação sobre os sinais do autismo oferece aos adultos a oportunidade de buscar um diagnóstico e apoio adequados. No entanto, é crucial enfatizar que apenas com a ajuda de profissionais qualificados o diagnóstico pode ser confirmado. Nós, da Clínica Formare encorajamos todos aqueles que suspeitam estar no espectro autista a buscar orientação especializada para entender e navegar melhor em suas questões, dificuldades e facilidades.
A conscientização sobre o autismo na vida adulta e o diagnóstico tardio é fundamental para garantir o suporte necessário e promover a inclusão. Se você ou alguém que conhece suspeita estar no espectro autista, busque orientação profissional. Siga-nos no Instagram para mais conteúdo informativo e assista aos nossos episódios de podcast no YouTube para aprofundar seu conhecimento sobre o autismo.