No episódio 07 do Formare Talks, recebemos o Dr. Paulo Liberalesso, especialista em neurociências e distúrbios da comunicação humana. Com um currículo impressionante, incluindo doutorado em distúrbios da comunicação e atuação como diretor científico em instituições de prestígio, Liberalesso é um destaque no campo da neurociência, especialmente em relação ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas comorbidades.
Comorbidades e o TEA
O Dr. Liberalesso explica que, nos últimos anos, houve um avanço significativo no entendimento do TEA e das comorbidades associadas. Em um passado recente, o foco estava principalmente no diagnóstico e manejo do TEA isoladamente. No entanto, reconheceu-se que muitos indivíduos com autismo também apresentam outras condições, como deficiência intelectual, TDAH, transtorno opositor desafiador, entre outras.
Essas comorbidades não são simplesmente coincidências; elas têm uma relação etiológica com o TEA, o que significa que a presença de autismo pode aumentar a probabilidade de desenvolver esses outros transtornos. Essa interação complexa faz com que a abordagem clínica e terapêutica seja desafiadora e, muitas vezes, demandante.
O Papel da Medicação
Uma questão central discutida pelo Doutor é a utilização de medicamentos no tratamento de crianças com TEA e comorbidades. Ele ressalta que a medicação deve ser considerada apenas quando outras intervenções, como terapias comportamentais, não são suficientes. Segundo ele, a medicação deve ser a última opção, utilizada somente após esgotar outras alternativas terapêuticas.
O especialista destaca que, no Brasil, há uma tendência preocupante de uso excessivo de medicações, muitas vezes sem uma avaliação adequada das necessidades reais da criança. Ele enfatiza a importância de um diagnóstico preciso e de um acompanhamento rigoroso dos efeitos das medicações. A medicação deve ser ajustada com base em resultados concretos e monitorados de perto para evitar tratamentos inadequados.
A Intervenção Comportamental e a Medicação
A intervenção comportamental é vista como a principal abordagem para lidar com comportamentos desafiadores associados ao TEA. A medicação é considerada apenas quando a intervenção comportamental não resolve os problemas de forma satisfatória.
Conforme observado que muitas vezes pelo Dr. Paulo Liberalesso, a medicação pode ser usada de forma inadequada, o que não resolve a raiz dos problemas comportamentais e pode levar a um uso prolongado e desnecessário de medicamentos.
O acompanhamento de profissionais especializados é fundamental para o tratamento adequado de comorbidades no Transtorno do Espectro Autista. Para mais conteúdos sobre TEA e outras condições neurodivergentes, siga-nos no Instagram e não perca os episódios do Formare Talks, nosso podcast no YouTube.