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CAA e Autismo: Comunicação Alternativa Potencializa a Fala

Sistemas de Comunicação Inibem a Fala?

Analisando a comunicação à luz da ciência comportamental de B.F. Skinner, observamos que diferentes formas de tecnologia podem ser empregadas para melhorar as trocas comunicativas em pessoas autistas. De acordo com Walter (2007), entre 70% e 80% dos indivíduos autistas não apresentam comunicação verbal ou fala com propósitos comunicativos. A partir disso, uma necessidade importante ao abordar comunicação é a escolha do formato de comunicação a ser ensinado, que muitas vezes envolve o uso de métodos alternativos de comunicação que não o vocal/falado, os quais têm demonstrado melhorar significativamente os resultados de comunicação em crianças com atrasos na linguagem.

Distinção entre Vocalização, Linguagem e Comunicação

Inicialmente, é necessário distinguir vocalização de linguagem e de comunicação, entendendo que uma não se resume nem é sinônimo da outra. A expressão vocal é o meio pelo qual transmitimos palavras e sons, já a linguagem vai além disso, abrangendo a diferenciação entre sílabas e letras em um sistema de regras gramaticais, importante para a aprendizagem da construção frasal. Enquanto isso, a comunicação compreende a troca de informações através da fala, linguagem, gestos, posturas, imagens e expressões faciais. Dessa forma, comunicar-se vai muito além de meramente vocalizar. Algumas vocalizações não comunicam, e muita comunicação ocorre além do que é dito/falado.

Benefícios da CAA

fala-autismoA comunicação alternativa e aumentativa (CAA) é uma ferramenta valiosa para indivíduos com dificuldades na fala vocal. Nesta postagem, a Clínica Formare tem como objetivo descrever algumas dessas ferramentas e destacar que o uso das mais variadas CAAs não inibe o desenvolvimento da fala em pessoas com autismo ou outras condições que afetam a linguagem. A literatura da área tem demonstrado que o uso da CAA pode, na verdade, facilitar o desenvolvimento da fala em pessoas com atrasos na linguagem. Ao fornecer meios alternativos de expressão, como sistemas de troca de figuras ou placas visuais, a CAA ajuda as pessoas a compreenderem conceitos de comunicação e linguagem, além de promover interações sociais significativas.

Nunes e Glennem (2003, 1997) definem a CAA como uma vertente da Tecnologia Assistiva que abrange o emprego de uma variedade de sistemas e recursos, os quais podem proporcionar a estudantes com pouca ou nenhuma fala funcional, oportunidades para se comunicarem.

Um dos importantes benefícios da CAA é que ela permite que as crianças pratiquem a comunicação de forma mais imediata e eficaz (ou seja, compreensível pela comunidade verbal que rodeia a pessoa que se comunica), enquanto trabalham simultaneamente no desenvolvimento da fala, quando for indicado. Por exemplo, ao usar placas visuais para expressar suas necessidades, as crianças estão sendo expostas a modelos de linguagem que podem ajudá-las a compreender e eventualmente reproduzir sons e palavras. Existem algumas crianças e jovens que, de fato, podem não desenvolver a fala verbal vocal, mas isso não quer dizer que essas pessoas não tenham direito à comunicação. Pelo contrário, tanto as crianças e jovens que desenvolveriam e aumentariam a fala com a CAA quanto as crianças que não falam, mas precisam se comunicar, são públicos a que os sistemas de comunicação aumentativo e alternativo se destinam.

A comunicação alternativa ou aumentativa pode reduzir a frustração e aumentar a autoconfiança dos jovens, promovendo um ambiente propício para o aprendizado e desenvolvimento de trocas com o mundo, que, muitas vezes, antes do desenvolvimento da comunicação, podem ser trocas inefetivas e até perigosas – como no exemplo de jovens que aprendem a se comportar de maneiras inadequadas, como gritar, bater, morder, etc., para que sejam ouvidas e consigam se comunicar. A ausência de uma comunicação funcional pode levar tanto pessoas com autismo quanto aquelas sem a condição a se sentirem frustradas, percebendo que falharam em seus esforços de se comunicar (Cowan & Allen, 2007): Imagine uma pessoa em um país no qual tanto a língua falada quanto a escrita e gestual fossem completamente diferentes das que anteriormente conhecia: A pessoa se sentirá perdida, com poucas opções de interação e de troca com o mundo. Oferecer formas alternativas de comunicação é uma forma de garantir que essas pessoas possam se comunicar efetivamente.

Dessa forma, o uso da CAA tem como objetivo principal expandir a comunicação, não inibi-la. Com essa expansão, muitas crianças expandem também comportamento vocal (fala), vocabulário, aprendem regras da língua, etc. Outras, que podem se desenvolver sem uma fala vocal, podem utilizar a CAA como comunicação única, possibilitando contato com o mundo a partir do uso da comunicação, e não de outros comportamentos. É importante ressaltar que o uso da CAA deve ser individualizado e acompanhado por profissionais qualificados, como fonoaudiólogos e terapeutas da fala. Esses profissionais podem avaliar as necessidades específicas de cada criança e fornecer orientações personalizadas para maximizar os benefícios da CAA, sem prejudicar o desenvolvimento da fala.

Formatos de CAA

autismo-caaAlguns formatos de CAA incluem placas visuais, rotinas visuais (agendas com figuras em vez de palavras), comunicação por trocas de figuras (como PECS), linguagem de sinais (LIBRAS), livros de figuras, uso de tablets e celulares com dispositivos e aplicativos de comunicação, vocalizadores, computadores, entre outros. Escolher o método de assistência mais adequado para uma pessoa autista pode representar um desafio significativo, e, como afirmado, a participação de profissionais, como fonoaudiólogos e terapeutas, é essencial para identificar a abordagem mais eficaz. Além disso, é crucial que os cuidadores e os pais estejam envolvidos no processo de aprendizagem e implementação desses métodos de comunicação alternativa, em conjunto com essas equipes interdisciplinares que auxiliam, acima de tudo, na construção de um caminho para autonomia das pessoas com autismo. Para garantir que seu filho tenha acesso ao melhor tratamento e recursos disponíveis, conecte-se conosco! Siga-nos no Instagram para atualizações contínuas e informações valiosas, e não perca nossos episódios do podcast no YouTube. Na Clínica Formare, estamos comprometidos em apoiar sua família em cada passo da jornada.

Referências Bibliográficas:

BERSCH, Rita; SCHIRMER, C. Tecnologia Assistiva no processo educacional. In: BRASIL.Ministério da Educação. Ensaios Pedagógicos: construindo escolas inclusivas. Brasília:MEC/SEESP, 2005.

Livox: software de comunicação por imagens. Bengala Legal,2012. Disponível em: http://www.bengalalegal.com/livox Acesso em: 20 fevereiro 2021.

https://www1.ufrb.edu.br/ppgecid/images/Disserta%C3%A7%C3%B5es_e_Resumos/Produto_Educacional/produto-de-Marycelma_comFicha.pdf

https://institutoneurosaber.com.br/comunicacao-suplementar-e-alternativa-no-tea-linguagem-alem-da-fala/

https://www.scielo.br/j/rbee/a/mmg4W4NcNPsSHh58cCgwZYC/

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Quem escreve:

Silvia Marinho

Sócia-Diretora e Terapeuta Ocupacional

Caroline Luiza Coelho

Psicóloga Supervisora da Clínica Formare

Carolina Vicente Bittencourt

Coordenadora de Fonoaudiológia da Clínica Formare

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